quarta-feira, 13 de outubro de 2010

ETERÉO

ETÉREO




Algo lânguido, suave, afável, cobria-me despedida da carcaça pesada, envelhecida... Porque o chão tornou-se etéreo.

Caminhava, caminhava, não havia dor, não havia cansaço... Porque o chão tornou-se etéreo.

Talvez... Talvez! Se abrisse os braços e os balançasse delicadamente, poderia até... Quem sabe... Voar... Porque o chão tornou-se etéreo.

Arfavam... Arfavam sim as folhas pequeninas de árvores milenares e uma brisa gentil levava o calor e trazia o frescor... Porque o chão tornou-se etéreo.

Pássaros ao longe... Pequeninas criaturas aladas e frágeis solfejavam melodias ao longe... Mas bem perto ouvia a sinfonia dos pequeninos em suas fusas e semifusas a acariciar meus sentidos... Porque o chão tornou-se etéreo.

Ao longe... Ou bem perto... Do lado de lá... Ou do lado de cá... Não estava só! Mas estava só! Mas não me sentia só!... Porque o chão tornou-se etéreo.

Pequenos, bem pequenos, talvez incertos? Não. Estavam certos... Pés, pés desnudos tocavam uma relva úmida, macia e com destino certo a me conduzir... Porque o chão tornou-se etéreo.

Amor?... Amor!... Amor!... Dorme, mas não dorme em paz, não dorme com o coração aquiescido de amor e esperança. Como sabia?... Porque o chão tornou-se etéreo.

Um cheiro doce, diverso, lembrava-me das frutas, e lá estavam elas a balançar em seus pêndulos nas árvores frutíferas para saciar a fome. Fome? ... Não tinha fome, não tinha sede,... Era só o lembrar... Porque o chão tornou-se etéreo.

Uma ardência, uma dor e uma lágrima quente escorrem dos olhos, o chão duro e empoeirado pelo vento do velho mundo... Ah!... Porque o chão NÃO ERA ETÉREO.

Utopia.

AUTORA DO TEXTO:
ROSALI GAZOLLA

  Snitramus




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